quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Projeto Laramie, contra a intolerância

Hoje assisti um ótimo filme: O Projeto Laramie (The Laramie Project, de Moisés Kaufman, EUA, 2002) - baseado em uma história real.

  
O filme conta a história do jovem Matthew Shepard, que aos 21 anos de idade, foi brutalmente espancado, amarrado a uma cerca na região rural de Laramie, uma pequena cidade do estado de Wyoming nos EUA e deixado lá perdendo sangue e vida.

Horas mais tarde, um garoto viu o rapaz e chamou a polícia. Matthew foi levado para um hospital em Laramie e, como sua condição era gravíssima, foi transferido para um hospital mais bem equipado numa cidade próxima, já no vizinho estado do Colorado.

Menos de uma semana depois de ser atacado e espancado, o rapaz morreu. Matthew era estudante universitário e gay. A polícia não demorou a chegar aos agressores, dois rapazes ali da cidade de Laramie, Aaron McKinney e Russell Henderson.

O caso teve cobertura nacional: as redes de TV e os grandes jornais enviaram equipes para Laramie e para a cidade do Colorado em que Matthew ficou seis dias entre a vida e a morte. Enquanto Matthew ainda agonizava, houve vigílias por ele em diversas cidades.

O presidente americano Bill Clinton comentou o caso na TV. A partir do episódio, criou-se um debate nacional sobre crimes de ódio e homofobia.

Eu mesmo tenho algumas recordações deste triste fato noticiado nos jornais da época, ano de 1998.

Matthew Shepard
Apenas um mês após a estúpida e brutal agressão a Matthew, um grupo de teatro de Nova York foi para Laramie, e passou a entrevistar pessoas da cidade. Testemunhas, parentes dos envolvidos e pessoas comuns. Mais de 200 pessoas foram entrevistadas pelo grupo - o Tectonic Theater Project, liderado por Moisés Kaufman, escritor e diretor de teatro. Laramie possuia na época 26 mil habitantes.

O resultado do levantamento foi a peça teatral The Laramie Project, que teve sua primeira apresentação no início de 2000, apenas um ano e pouco após o acontecimento.

Em 2002 foi feito o filme, uma adaptação da peça, co-produzida pela HBO e dirigida pelo próprio Moisés Kaufman. Atores - alguns grandes nomes, outros menos famosos - interpretaram o grupo original que foi fazer as entrevistas em Laramie e também os moradores que deram depoimentos.
Há diversos trechos de imagens da época, captadas pelos canais de TV.

Alguns depoimentos homofóbicos e agressivos

O filme mostra alguns depoimentos de pessoas homofóbicas. Gente simples, humilde, de pouco estudo, de pouco alcance. Mas os testemunhos homofóbicos mais agressivos, nojentos, peçonhentos, vêm de religiosos.

Uma cena marcante é a que uma das moças do grupo teatral, Amanda Gronich (interpretada por Clea DuVall), tenta entrevistar, numa calçada, um pastor (um reverendo da cidade) e ele demonstra todo o seu ódio e aversão contra os gays. Até fala da bíblia, porém o ódio é tão marcante que depois que ele vai embora, Amanda, em choque, desabafa para os colegas: “Eu fiquei ouvindo aquilo e não reagi, não disse nada!”

O filme mostra também um grupo homofóbico, liderado por outro pastor, que fez manifestações contra a vítima do crime, contra a homossexualidade de Matthew Shepard. Alguns cartazes tinham dizeres do tipo “Deus salve a Aids”.

Um dos gays de Laramie ouvidos pelo grupo teatral lamenta a ausência de legislação contra os crimes de ódio.

Em outubro de 2009 o Congresso americano aprovou uma lei de prevenção a crimes de ódio - a Matthew Shepard and James Byrd, Jr. Hate Crimes Prevention Act - sancionada em seguida pelo presidente americano Barack Obama.
  

 Finalizo recomendando o filme, vale a pena! Diga não à intolerância.

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