quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A dialética de alguns religiosos

Nesta semana vimos noticiado nas redes sociais e jornais de todo país um anúncio contra crimes sexuais publicado em um jornal de Pernambuco. Até aí tudo bem. Mas pasmem: no anúncio, sob o título "Pernambuco não te quer", um movimento religioso conservador do estado, publicou "homossexualismo" ao lado das palavras "exploração sexual de menores", "pedofilia", "turismo sexual de menores" e "prostituição".

Afinal, qual é a intenção desses religiosos?


Homossexualidade não induz a nenhum dos crimes citados. Podem existir homossexuais pedófilos, exploradores sexuais? Claro que sim, como também existem heterossexuais que são. A orientação sexual não define caráter de uma pessoa. Tanto héteros como gays podem ou não cometer crimes dos mais diversos. No entanto, não associa-se a orientação heterossexual a algum tipo de crime, o que é correto, uma vez que isto não depende da orientação sexual.

Sob o pretexto da defesa contra a exploração sexual, o grupo religioso mostrou-se a que veio: ataque àquelas pessoas que, por obra da natureza, sentem-se atraídos por outras do mesmo sexo.

Este grupo religioso, intitulado Javé Nossa Justiça, comprou espaço publicitário em dois jornais.

O jornal em que o anúncio aparece se manifestou.

A Folha de Pernambuco afirma em sua página do Facebook que "com referência ao anúncio publicitário autorizado e pago pelo Instituto Pró-Vida PE, publicado na edição de segunda-feira, dia 3 de setembro, a Folha de Pernambuco afirma que o seu conteúdo de forma alguma reflete a opinião do Jornal. Ao longo dos seus 14 anos, a Folha vem construindo e mantendo uma relação de respeito junto aos seus leitores, focado na promoção dos direitos humanos, inclusive da comunidade LGBT, com quem o jornal mantém diálogo constante".

Em nota para a revista Exame, o Diário de Pernambuco afirmou que "a empresa vem esclarecer que não foram publicadas nas páginas do referido jornal qualquer tipo de anúncio com conteúdo homofóbico, salientando que o jornal tem um histórico de defesa dos direitos coletivos e de respeito aos direitos individuais, compromisso esse que é inalienável e que será mantido em qualquer situação futura". O jornal também esclareceu que o anúncio que falava de "homossexualismo" foi submetido à análise e recusado "mesmo diante de um excelente pagamento, por considerar que ele viola, sim, o direito dos homossexuais, e das prostitutas também".

Até a prefeitura de Recife se manifestou em seu site oficial, afirmando que lamenta o anúncio publicado, que desrespeita frontalmente o público LGBT, apropriando-se indevidamente do conceito de uma marca construída pela gestão municipal ao longo dos últimos anos, o "Recife te quer" - em referência ao público LGBT.

E a dialética erística desses religiosos? Como dialética erística entenda a arte de discutir de modo a vencer, por meios lícitos ou ilícitos.

Não raramente vemos religiosos em debates sobre o tema homossexualidade sob o prisma do cristianismo.
O que chama a atenção é que muitas das vezes não estão preocupados com a verdade objetiva dos fatos mas sim com a aprovação de suas palavras pelos ouvintes. E para isto usam estratégias (da dialética erística) ainda que não o saibam, a fim de passarem uma imagem positiva e verdadeira de seus argumentos discriminadores e exclusivistas.

Mas os tais podem ser desmascarados! Basta que conheçamos as "estratégias" da dialética erística e que saibamos aplicá-la de modo a anular o contendor.

Já escrevi um pequeno texto sobre "estratégias para vencer um debate", sob a ótica dos filósofos Arthur Schopenhauer e Olavo de Carvalho. Nele fica claro como pessoas astuciosas se portam nos debates e aprendemos a nos defender.

Ainda pretendo divulgar neste blog algumas dessas estratégias.

Alienação contribui apenas com o opressor. Pessoas alienadas são facilmente ludibriadas. Não raramente vemos pessoas que deixam de aceitar princípios que Jesus, o Filho de Deus, inseriu na humanidade (como o amor e respeito ao próximo por exemplo) e passam a aceitar como natural o preconceito discriminador disseminado nas igrejas por líderes religiosos, sob o pretexto de estar falando "em nome de Deus".

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