terça-feira, 8 de abril de 2014

Orações para Bobby (Prayers for Bobby)

"Homossexualidade é um pecado. Homossexuais estão condenados a passar a eternidade no inferno. Se quisessem mudar, poderiam ser curados de seus hábitos malignos. Se desviassem da tentação, poderiam ser normais de novo. Se eles ao menos tentassem e tentassem de novo em caso de falha. Isso foi o que eu disse ao meu filho, Bobby, quando descobri que ele era gay. Quando ele me disse que era homossexual, meu mundo caiu. Eu fiz tudo que pude para curá-lo de sua doença. Há oito meses, meu filho pulou de uma ponte e se matou. Eu me arrependo amargamente de minha falta de conhecimento sobre gays e lésbicas. Percebo que tudo o que me ensinaram e disseram era odioso e desumano. Se eu tivesse investigado além do que me disseram, se eu tivesse simplesmente ouvido meu filho quando ele abriu o coração para mim... eu não estaria aqui hoje, com vocês, plenamente arrependida. Eu acredito que Deus foi presenteado com o espírito gentil e amável do Bobby. Perante Deus, gentileza e amor é tudo. Eu não sabia que, cada vez que eu repetia condenação eterna aos gays... cada vez que eu me referia ao Bobby como doente e pervertido e perigoso às nossas crianças... sua autoestima e seu valor próprio estavam sendo destruídos. E, finalmente, seu espírito se quebrou além de qualquer conserto. Não era desejo de Deus que o Bobby debruçasse sobre o corrimão de um viaduto e pulasse diretamente no caminho de um caminhão de dezoito rodas que o matou instantaneamente. A morte do Bobby foi resultado direto da ignorância e do medo de seus pais quanto à palavra 'gay'. Ele queria ser escritor. Suas esperanças e seus sonhos não deveriam ser tomados dele, mas se foram. Há crianças como Bobby presentes nas suas reuniões. Sem que vocês saibam, elas estarão ouvindo enquanto vocês ecoam 'amém'. E isso logo silenciará as preces delas. Suas preces para Deus por entendimento e aceitação e pelo amor de vocês. Mas o seu ódio e medo e ignorância da palavra 'gay' silenciarão essas preces. Então... Antes de ecoar 'amém' na sua casa e no lugar de adoração, pensem. Pensem e lembrem-se. Uma criança está ouvindo."

Bobby Griffith


As palavras acima foram ditas por uma mãe que não admitia a homossexualidade de seu filho, Bobby. Após a morte do filho, fez este profundo discurso em uma reunião do conselho de sua cidade (Walnut Creek, Estados Unidos) sobre a celebração de um dia para a liberdade gay. Esta mãe é Mary Griffith.

Bobby Griffith (1963-1983) foi um jovem que em sua curta vida, enfrentou dura pressão de sua mãe - uma religiosa devota que acreditava que a orientação sexual de seu filho era pecaminosa. Por quase quatro anos, ele sofreu pressões da família para deixar de ser homossexual. Abandonou o colégio pouco antes de sua formatura e, dois anos depois, cometeu suicídio, jogando-se de um viaduto em Portland, nos Estados Unidos, cidade para a qual havia-se mudado.

Bobby e sua mãe, Mary Griffith
Bobby questionava Deus sobre sua condição. Muitas vezes rejeitava a si mesmo e também se sentia rejeitado, baseado nos ensinamentos que recebeu:

"Eu não posso deixar que ninguém saiba que eu não sou hétero. Isso seria tão humilhante. Meus amigos iriam me odiar, com certeza. Eles poderiam até me bater. Na minha família, já ouvi várias vezes eles falando que odeiam os gays, que Deus odeia os gays também. Isso realmente me apavora quando escuto minha família falando desse jeito, porque eles estão realmente falando de mim... Às vezes, eu gostaria de desaparecer da face da Terra." - Bobby, em seu diário, no ano de 1979.

Esta história levou à produção do filme Orações para Bobby (Prayers for Bobby), de 2009, inspirado no livro "Prayers for Bobby: A Mother's Coming to Terms with the Suicide of Her Gay Son", de Leroy Aarons. O filme retrata o drama de ser gay na adolescência, especialmente quando há fortes fatores religiosos na formação. A história é emocionante.

Cenas do filme Orações para Bobby - interpretado pelo ator Ryan Kelley
Bobby era um garoto comum.

Bobby tinha seus sonhos e seus medos.

Bobby amava sua família.

Bobby queria amar e ser amado - pelo que era, não pelo que esperavam que fosse.

Bobby era gay - não por escolha. Era o mesmo de sempre, como sua própria mãe reconheceu após sua morte.

Mary foi intolerante - por ignorância, não por maldade.

Mary amava seu filho.

Mary esteva perdida em sua tentativa de interpretação literal da bíblia, de ser perfeita e de ter uma família perfeita.

Mary, através da dor, deixou de lado tudo o que era aparente. Aos poucos, também deixou a ignorância e o preconceito. Lutou para que outros pais e mães pudessem ouvir e amar plenamente seus filhos, da maneira como eles são. AMÁ-LOS, DA MANEIRA PURA E SIMPLES COMO SÃO.
 
Quantos garotos como Bobby e quantas mães como Mary estão próximos de nós...


O filme foi exibido apenas na TV norte-americana, no canal Lifetime. Indico um link para quem quiser assistir ao vídeo no Youtube:


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