segunda-feira, 25 de março de 2013

Minha história na CCB - Parte I

Nesta semana, dia 27 de março, completará 20 anos que batizei na Congregação Cristã no Brasil. Decidi, então, contar um pouco de minha história na igreja. Esta é a primeira parte de outras que publicarei.

Eu tinha apenas 12 anos de idade e fui o segundo a entrar no tanque para ser batizado pelo ancião Olívio de Mello, um dos anciães mais antigos de ministério. Grande foi minha alegria neste dia! Recordo que brinquei na rua de casa o dia todo com meus primos e amigos e que no culto de batismo, o meu tio, irmão de meu pai, estava sentado um banco atrás de mim na igreja. Logo ganharia meu primeiro terninho dos meus pais e uma gravatinha borboleta. Sim leitores, alguns meses após o batismo, estava eu lá na minha comum congregação participando da Santa Ceia, com meu terninho e minha gravatinha borboleta. Logo a substituí por outra convencional.

Templo da CCB - Central de São José do Rio Preto - onde fui batizado

Não demorei a ingressar nas aulas de música da igreja a fim de aprender a tocar trompete - dada a influência de minha mãe pelo seu gosto musical (a música Silêncio executada no trompete é uma de suas preferidas) e também de outro tio meu que já tocava este instrumento na orquestra da igreja.

Ah, e o que dizer das Reuniões de Jovens e Menores? O hino 442 (hinário 4) era um de meus favoritos: "Comigo está Jesus, meu bom Mestre e Salvador, / Que sempre me ensina por seu imenso amor; / As coisas lá do céu Jesus revelará; / No seu bom caminho andar me fará". E continua o coro e as outras estrofes... O Cooperador de Jovens já havia me conquistado e eu não perdia sequer uma Reunião. Recordo dos meus Auxiliares: ah, como eu amava receber o recitativo e o momento de declamar aquelas palavras na fila das crianças, de pé, diante de toda a mocidade.

É incrível como existem coisas que a gente vivencia ou sonha quando criança e que nunca mais saem de nossos pensamentos. Lembro-me até hoje de um sonho que tive em que fui visitar meu Cooperador de Jovens na sua casa. Ao acordar fiquei muito feliz! Ele era um Cooperador atencioso, que brincava com as crianças e colocava elas em cima do púlpito para recitar nos microfones ou cantar o hino final da Reunião. Sabia prender a atenção da criançada como ninguém. Ele dizia: "Eu sou um cordeirinho" e as crianças respondiam em coro: "Jesus é meu pastor". Sempre iniciava uma frase dizendo "Jovens do Brasil..." quando brincava com a mocidade. Isto virou seu bordão. Acreditem, até o John Travolta, do filme Os embalos de sábado à noite, ele imitava... Obviamente não dentro da igreja, é claro! Certa vez apareci sozinho em sua casa. Ele e sua esposa me receberam com muito carinho e fizeram uma linda oração comigo que nunca mais saiu de minha memória. Praticamente assim foi meu ano de 1993 na igreja.

Eu também era muito próximo do Encarregado de Orquestra, que me ensinava a música. Ele ensinava muitas crianças e jovens e não perdia quase nenhuma Reunião de Jovens, sempre acompanhando a orquestra de jovens e crianças. Era uma dupla sensacional: o Cooperador de Jovens e o Encarregado de Orquestra. Quando meu Cooperador de Jovens fazia algumas perguntinhas bíblicas para as crianças, o meu Encarregado sempre colaborava - nunca me esqueço do tal enigma de Sansão: Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura. Já em 1994 ingressei na orquestra da igreja. Quanta felicidade! Um mês após começar a tocar nas RJM's também comecei a tocar nos cultos oficiais. Os filhos do Encarregado eram meus amigos e o mais próximo de mim aprendia flauta. Toda semana íamos em Ensaios Musicais nas mais diversas igrejas da região onde congregava. Admirava a regência do meu Encarregado e adorava quando ele pedia para que as crianças e os jovens que ele carregava consigo, tocassem sozinhos algum hino. Éramos aprendizes ainda, mas o carinho e a paciência que ele possuía com seus alunos era algo maravilhoso.

Neste mesmo ano fui apresentado na igreja como Auxiliar de Jovens e Menores. Minha irmã já tinha esse cargo. O Cooperador de Jovens me entregou os blocos de recitativos e me disse que eu ficaria responsável pelo conjunto dos meninos, inclusive seria eu quem faria a oração do "Pai Nosso" ou a oração "espontânea" com os mesmos. Num domingo as meninas faziam a oração do Pai Nosso e os meninos a espontânea e no outro invertia. Eu atendia a continuação das crianças e tinha uma felicidade imensa quando preparava meus primeiros recitativos como Auxiliar. Tive muito apoio e acolhida dos Auxiliares mais velhos e do Cooperador de Jovens.

Em 1995,  eu e um amigo, filho de uma irmã da Obra da Piedade, fizemos o exame de oficialização com dois Encarregados Regionais. Algum tempo depois fui apresentado juntamente com tantos outros irmãos e irmãs em um Ensaio Regional como músico oficializado - naquela época ainda faziam essas apresentações. Minha família toda - mãe, pai, irmã, tios, avós e primos - estava no ensaio. Foi um dia muito feliz! De imediato comecei a ensinar música na igreja, a pedido de meu professor e Encarregado. Todos os sábados à tarde e domingos após as RJM's eu colaborava na escolinha musical da igreja.

Jardim Estrela, São José do Rio Preto - minha comum congregação até os 21 anos de idade

Com relação ao cargo de Auxiliar, à medida que os meus companheiros Auxiliares iam se casando eu trocava de conjunto nos recitativos. Passei para o conjunto dos "mocinhos" e depois para o conjunto dos moços. Ocupei esse cargo por 12 anos, tive muito êxito e fui muito feliz. Em 1996 eu já era o Auxiliar mais antigo do lado masculino e em 1999, com o casamento de minha irmã, passei a ser o Auxiliar mais antigo da minha comum congregação. Também no ano de 1996 fui apresentado como Instrutor de Música na igreja. No ano de 1998 fui selado com a promessa do Espírito Santo com evidência de novas línguas (como se diz na igreja sobre o "dom" de falar línguas estranhas) ao receber um abraço de minha prima, voltando de uma determinada cidade onde fomos assistir uma Reunião de Mocidade e um culto. Estávamos eu, minha prima, uma outra moça da igreja e um Auxiliar amigo meu em sua  Kombi.

Em meio à mocidade e crianças sempre tive o apoio do meu Cooperador de Jovens e liderava grupos de visitas aos enfermos, moços e moças que não congregavam mais e crianças que faltavam muito das Reuniões. Organizei inúmeras excursões para Reuniões de Mocidade. E os anos foram passando... Também presidi muitas Reuniões de Jovens na ausência do Cooperador ou até mesmo estando presente, a seu pedido. As crianças adoravam, pois assim como meu Cooperador de Jovens, eu as colocava no púlpito ao final da Reunião para cantar o último hino.

Uma coisa que aprendi e pude comprovar neste tempo todo, liderando a mocidade e as crianças, foi que chamar cada um pelo seu nome e olhar em seus olhos faz toda a diferença. A atenção que é dispensada e aprender a ouvir te torna uma pessoa que as demais terão prazer em ter por perto. Mas não adianta nada ser algo aparente ou por interesse, pois rapidamente isso se mostra. Você tem que acreditar, sentir e viver.

Todos do meu conjunto tinham que decorar seus recitativos na medida do possível, e isto não era tão dificultoso, aliás era entusiasmante inclusive para eles. Sempre procurei escolher os livros, capítulos e versos da bíblia que iria distribuir aos jovens ou crianças, tomado de uma grande comunhão e sentimento. Dedicava boa parte de meu tempo a prepará-los, pois acreditava - e ainda acredito - que não era apenas um simples verso que distribuía, mas sim algumas palavras de conforto e carinho nos momentos de dificuldades de cada um. Por isso dediquei meu trabalho como Auxiliar distribuindo com antecedência os versos a cada um e incentivando a leitura da bíblia.

De vez em quando eu pedia que algum moço recitasse um capítulo inteiro na Reunião. Escolhia alguns deles e passava essa "tarefa". Não demorava muitos dias e no domingo estava lá o moço recitando o que havia pedido. Eu mesmo recitei capítulos inteiros várias vezes. Me recordo que esse empenho dos moços em decorar os versos e recitar em voz firme e clara, com emoção, nas RJM's, trazia bons resultados: muitas das vezes o Cooperador de Jovens era tomado de uma virtude tamanha e toda a mocidade também ficava cheia de virtude e tocada por Deus.

Certa vez, na Reunião de Jovens, eu abri o recitativo de meu conjunto, recitando as seguintes palavras escritas em Hebreus 12:12-13: "Portanto tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente, antes seja sarado". O Cooperador de Jovens foi tomado de um sentimento tão grande e a pregação naquele dia foi de unidade, união, misericórdia e perdão. Muitos moços e moças ali choravam neste dia. Dias assim que nunca mais esquecerei em minha vida.

Analisando estatisticamente todos os livros e capítulos que escolhi durante todo meu tempo como Auxiliar de Jovens e Menores, percebi que o livro de Eclesiastes, as cartas do apóstolo Paulo, o livro de Atos dos Apóstolos e os Evangelhos eram os que mais saíam. Que direi então de I Coríntios 13? "Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse a caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine (...) A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade nunca falha". Pode-se substituir aqui a palavra caridade pela palavra amor.

Em 2002 quando fui estudar na USP mudei da casa de meus pais para uma república próxima da universidade. Dessa forma troquei minha comum congregação, levando carta de apresentação. Porém continuei atendendo como Auxiliar de Jovens na congregação anterior. Tive a felicidade em atender também como Auxiliar na igreja do novo bairro onde congregava. Dessa forma, intercalava sempre que possível, os domingos - um em cada igreja.

Cidade Universitária, São Paulo - ao lado da USP

Assim foi até o ano de 2006, quando me mudei para o Estado de Mato Grosso e, finalmente, deixei o cargo de Auxiliar de Jovens e Menores. Morei em Mato Grosso até o início de 2012.

Foram anos importantes e bons, pois aprendi que antes de qualquer julgamento ou preceito, cada pessoa tem sua história de vida que deve ser respeitada. E viver a cada momento, amando o seu próximo e não se imaginando como um ser superior, é o que move muitas pessoas ao bem.

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